domingo, 18 de maio de 2008
Saída de campo.
Local: Night clubs.
Quando: Nas noites especialmente pensadas para os homens: as ladies' nights.
Porquê?: Porque sim.
Objectivo da missão: compreender o comportamento masculino num local com várias bebidas alcoólicas, algumas mulheres e muitas adolescentes (que parecem já mulheres) ou homens (que também parecem mulheres).
O ambiente: Casa nocturna cujos géneros musicais variam entre "LA BOMBA", Timbaland ou até mesmo, numa noite de grande loucura e mais alternativa, Nelly Furtado.
População alvo: cliente homem, sozinho ou acompanhado de amigos masculinos.
Relatório de observação:
Homem, cabelo loiro escuro, a roçar já o calvo. Pele clara. O cabelo sobrevivente é penteado de forma a parecer um gelado da "Ice it". Traja de ganga, levis 511 (Ah, a magia dos clássicos!), sapato de vela, cuja sola de borracha se encontra já bastante desgastada na parte interior, camisa branca e um cinto castanho. Está colocado estrategicamente no ponto de melhor visibilidade da pista. Sendo um indivíduo de estatura média/baixa fica então virado de frente para a pista,de costas para um dos bares, e mesmo na subida daqueles dois degrauzinhos.
Um pormenor chamou-nos a atenção: a ausência total de movimentos. E quando percebemos que o indivíduo estava, na verdade, a dançar, esse facto preocupou-nos. Após várias horas de observação, fomos forçados a concluir uma imutabilidade corporal por parte deste indivíduo e de praticamente todos os outros do sexo masculino, à excepção de 2 ou 3 indivíduos mas que (lá está), pareciam mulheres. ´
Reparámos no olhar atento do espécime, que parecia focar-se em todas as mulheres que dançavam na pista desta discoteca. Ao fim de 2h e 02 m, houve um volte-face importante: O indivíduo vira-se para trás, num movimento inesperado, para pedir uma bebida no bar. Pudemos observar que, no tempo de espera para ser atendido, o indivíduo, de cartão de consumo na mão e ar resignado, mantinha um olhar, não dizemos "no vazio", pois estava efectivamente muito cheio, mas no decote da barmaid.
Voltou à sua prompt position e eis que começa, de copo na mão direita, ligeiramente levantado à altura do peito, a abanar ligeiramente a anca. Porém, o movimento não acompanhava o ritmo da música. Tentámos percepcionar se o indivíduo teria consigo um leitor de mp3, ou algo do género e se o estava a usar.
Mas não.
Era só mesmo falta de jeito.
Começa então a olhar, insistentemente, para uma das mulheres que dançavam na pista. O alvo tinha uma vasta melena loira, quase tão vasta quanto as suas pernas. Menos vasta, contudo, era a roupa. O indivíduo começa por dar ligeiros goles na cerveja que pediu enquanto olha, de sorriso tímido nos lábios, para a senhora que parece não lhe prestar nenhuma atenção. Ao fim de 21m, com ar francamente desanimado, fixa a sua atenção noutra mulher. Morena, cabelo ondulado, vestido vermelho. Optou, desta vez, pelo olhar "el matador" em detrimento do sorriso tímido. Insistiu ainda um pouco mais do que com a primeira. E eu quase que juraria que ela olhou, em toda aquela meia-hora uma vez para ele, na altura em que lhe pediu licença para passar para o WC. Mas o Dr. Hayde assegura que não, que ela tinha os olhos fixos no chão quando o fez. O indíviduo, de semblante desanimado, desaperta o primeiro botão da camisa branca, que ainda se encontrava muito bem abotoadinha quase até ao nariz e com o vinco do ferro de engomar nas mangas. O copo ainda ía a meio. Repara agora numa outra mulher, de cabelo muito encaracolado e dentes salientes. Aliás, muita coisa ali era saliente. O nosso alvo de estudo, resolve passar a mão pelo cabelo a fim de o despentear um pouco, se bem que não era preciso. Resolve olhar fixamente para esta nova personagem enquanto, flectindo as pernas, inclina os quadris para a frente de boca semi-aberta e olhos franzidos. O movimento corporal, esse, embora já exista, continua a não coincidir com a música. Alías, sabendo que a música que passava na altura se chama "So sexy", pouca coisa coincidia com a música. A senhora continuou a dançar, sem responder às insinuações da nossa cobaia. Eis que vemos uma mulher, de estatura muito forte, baixa e com um sério problema de acne e seborreia dirigir-se ao indivíduo. Conseguimos perceber partes da conversa, que passamos a transcrever:
"Olá! Nunca te vi por aqui! - diz-lhe ela. - Costumas cá vir?"O indivíduo, primeiro, nitida e compreensivelmente pouco receptivo à abordagem da sujeita, acaba por olhá-la de alto abaixo e, tendo conseguido ignorar a verruga no queixo com dois pêlos espetados responde: "Olá.....beleza ! Não costumo, mas pelos vistos gostava de costumar!" Acabam por se envolver num intenso diálogo e ao fim de 11 m, saem ambos, no mesmo carro, rumo não sabemos bem aonde.
Conclusões:
O indivíduo :
a) saíu sozinho;
b) não tem uma solução viável e com ar lavado para a sua alopécia;
c) tem pé chato;
d) tem um problema de inteligência psicomotora grave;
e) enquanto macho, estabeleceu um plano de escolha quase eficiente. Da sua observação à pista da discoteca, seleccionou 3 mulheres, por ordem de preferência, que o determinaram a tentar a sua sorte sexual naquela noite. Para ganhar coragem, tomou bebidas alcoólicas antes de enveredar pela quimera. A primeira eleita pareceu ignorá-lo, apesar de todos os seus enormes esforços para mexer os quadris e sorrir-lhe timidamente. A segunda eleita, parece nem sequer o ter visto, e se o viu, como alguns investigadores defenderam, não se lembra de o ter feito. A terceira eleita, dado o estado já bastante emporcalhado e bêbedo do indivíduo por essa hora, perdeu a viagem, dado que a gorda das borbulhas se antecipou.
Assim, o indivíduo acabou por aceitar, calmamente e sem questionar, o que a sorte lhe ofereceu. E é que foi mesmo uma sorte.
Resultados finais: Quem tem testículo vai a Roma. Quem tem boca, pode ir com quem tem o testículo, a Roma.
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1 comentário:
Lindo.
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